
Olha estas velhas árvores, — mais belas,
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .
O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .
Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .
Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

A poesia acima, "As velhas árvores", de Olavo Bilac, é maravilhosa. Porém, nem sempre as velhas árvores o são. Foi, então, com tristeza que constatamos a iminente queda de uma delas, quase em frente à nossa casa. O tronco, outrora rijo e forte, tornou-se oco e frágil. Milhares de cupins resolveram se mudar para a velha árvore, que oferecia não somente abrigo, mas também alimento para os insetos. E eles não deixaram por menos. Devoraram todo o miolo deixando somente a casca. A mãe natureza permitiu que se fizesse um buraco, bem ao pé da árvore, o que denunciou seu estado. Assim, não tivemos alternativa a não ser chamar a Prefeitura, setor Meio-ambiente, para que tomasse as providências necessárias, antes dos ventos. Os contatos foram feitos pelos vários vizinhos cuja proximidade com a árvore coloca em risco a integridade de suas casas, carros e principalmente, de suas vidas.
Isto posto, resta acrescentar que a despeito das chamadas, apelos, solicitações, a árvore continua ali. O bom sinal, é que ela ainda não caiu, provocando estragos. O mau sinal é a demora da prefeitura em agilizar essa remoção. Só a possibilidade de uma "queda espontânea" nos assusta, pois os galhos da velha árvore se agarram aos fios dos postes de rua como que para manter-se em pé. E, caso caia, não irá sozinha, pois levará consigo a Eletropaulo, Telefônica, Net, TVA, deixando atrás de si um mundo literalmente desconectado. Espera-se, portanto, que a disputa entre vento e prefeitura termine com a vitóra desta última, visto que o oposto significará PE-RI-GO! PE-RI-GO!

Fotos: Iara Vasconcellos
Árvore sita no bairro do Brooklin Paulista, à Av. Prof. Rubens Gomes de Souza, em frente ao número 1444