Iara Vasconcellos
Não queremos ser simplistas.
É muito difícil atravessar
crises, e é muito fácil dar receitas prontas...
Os cientistas, como os desportistas, são
considerados idealistas e leais, sendo admirados por sua fibra e perseverança.
O esporte tem seu ponto alto com as Olimpíadas, e a ciência com o prêmio Nobel,
que contempla aqueles que através de incessantes pesquisas, buscam respostas e
soluções que diminuam as enfermidades e aumentem a qualidade de vida do ser
humano.
A mesma decepção que sofremos quando surgem
casos de doping e deslealdade entre
atletas, ocorreu quando em 2006 foi revelado um caso de fraude que abalou não
só a comunidade científica, mas a todos que também os percebiam como heróis.
Um dos temas científicos da moda é a pesquisa
para obtenção de células-tronco embrionárias clonadas (http://www.ghente.org/temas/celulastronco/fraude_na_ciencia.htm),
tendo em vista utilizá-las em pacientes com
doenças degenerativas. E foi exatamente
aí, que um cientista sul coreano comunicou ao mundo ter encontrado a solução.
Ele foi aclamado “herói” e deu esperança a enfermos em fila de doação de órgãos.
Ocorre, porém, que cientistas de todo o
mundo, utilizaram “a receita” sul coreana, mas sem conseguir o resultado anunciado.
E em ciência, quando todas as especificações são rigorosamente seguidas, o
desfecho, obrigatoriamente, tem que ser o mesmo, caso contrário, não será
ciência. E foi assim que a fraude foi descoberta e revelada ao mundo.
Portanto, quando essa mesma técnica é
aplicada em outras áreas da vida, sem, no entanto funcionar também já pensamos
em algum tipo de fraude ou boicote.
Como seria bom se existisse uma receita garantida
para evitar o sofrimento! Uma fórmula científica que funcionasse para que
escapássemos de toda e qualquer situação desestruturante. Mas não há. Da mesma
forma que o sofrimento faz parte da vida, as crises também podem trazer
possibilidades. Podemos usar nossa inteligência e astúcia, no sentido de
aproveitá-las, e assim, também ajudaremos a equilibrar nossas emoções. Seria
algo do tipo: “Não gosto, não quero, mas já que tenho de passar por esta
situação, vou procurar aprender tudo o que for possível, para que o sofrimento
não seja em vão!”.
Essas crises ocorrem muitas vezes no
casamento. Há pesquisas que apontam o sétimo ano como o ano da grande crise,
das avaliações, dos questionamentos, do balanço das expectativas. Há grande
incidência de crises nessa época, mas isso não as limita a esse tempo. Elas
podem surgir a qualquer hora e sempre vão trazer sofrimento. Não sabemos
quando, mas é certo que virão.
Precisamos ter muito claro em nossas mentes e
corações, que Deus não nos abandona. Ele pode até permitir a provação, porque
muitas vezes aquela será a única forma de aprendermos determinadas lições. No
entanto, dEle mesmo virá a solução. 1Coríntios
10.13 diz: "Não vos sobreveio
tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar". É isso. Tem
alguém no controle. O fogo não vai se espalhar além do estabelecido. Sofrimento
dosado, resgate providenciado.
No entanto, apesar da teoria ser realmente
maravilhosa, não queremos ser simplistas. É muito difícil atravessar crises, e
é muito fácil dar receitas prontas, mesmo que elas não existam.
Então, gostaria de deixar claro que estes
versículos não são chavões, eles são promessas de um Deus que nos ama, que
compreende a nossa dor e nos reabastece com seu carinho e cuidado de Pai: Não fiquem com medo, pois estou com vocês;
não se apavorem, pois eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças e os ajudo; eu os
protejo com a minha forte mão (Isaías 41.10 NTLH).
Que as crises sirvam para corrermos para o Pai, e não do Pai!
Iara Vasconcellos é jornalista, produtora
editorial e tradutora. É proprietária da Capa a Capa.