terça-feira, 27 de outubro de 2009

MediaOn abre em São Paulo com o jornalista investigativo Joshua Benton


A frase mais divulgada do convidado que fez a abertura do MidiaOn, Joshua Benton, Diretor do The Nieman Journalism Lab, da Universidade de Harvard, foi "Os jornalistas terão de perder a arrogância". Essa frase teve eco para quem se lembra de quando a imprensa era considera o "Quarto Poder". Isso tanto foi verdade, que no Brasil, no ano de 1968 o regime militar estabeleceu o AI 5 Ato Institucional número 5, que controlava todos os órgãos de comunicação. A imprensa era mais atuante e colocava-se ao lado do povo contra o regime que queria sufocar a ambos. Inúmeros jornais foram fechados e proibidos de publicar suas notícias. Muitos foram censurados e no lugar dessas notícias eram colocadas receitas culinárias! Enfim, tentaram "tapar a boca" da imprensa. Porém, auando um jornal se calava num estado, um outro abria sua boca. E assim a imprensa sobreviveu aos anos de chumbo.

Agora, uma nova era, uma nova ameaça. Não ideológica, pois praticamente não há mais ideologias. O mundo está sem referenciais. A própria comunicação se volta contra ela mesma. Rádio e televisão não acabaram com os jornais impressos. Conseguiram conviver e se completar. Acontecerá o mesmo entre a comunicação digital e a impressa?

O jornal impresso, pelo menos no Brasil, ainda é considerado o principal veículo dos formadores de opinião. A Internet, com a pressa que lhe é característica, tem seu espaço garantido por divulgar mais rápido a notícia. Porém, aprofundamentos não combinam com essa comunicação digital, que acaba ficando mais epidérmica, superficial. O jornal impresso ainda é a forma mais detalhada de se dar uma notícia. E, daqui para frente, acredita-se que sobreviverá o jornal impresso que se tornar mais opinativo do que informativo. Perfis serão traçados e os leitores se aproximarão daqueles que mais lhes agradar. Mas irão sabendo a tendência daquele meio impresso em questão.

Em sua palestra, Benton, da Universidade de Harvard, cita dados dizendo que nos Estados Unidos a situação do jornal impresso está pior do que no Brasil. O número de jornalistas da mídia impressa americana está hoje, 2009, no mesmo nível em que esteve no ano de 1971 (40 mil) , ou seja 38 anos atrás, já tendo chegado em quase 70 mil nas década de 80 e 90.

Esse forum, MIDIAON além de necessário e atual ajudará a definir o papel do jornalista no Brasil.

A Internet tem difundido de forma mais rápida do que nunca na história as notícias do que acontece no mundo. Não existem mais fronteiras para a informação. Isso é notável, é útil, porém há também pontos negativos, a começar pela falta de confiança. Não se pode acreditar em tudo que se lê nas redes digitais. Há muitas inverdades. Algumas não intencionais, advindas de informações não apuradas. Outras são intencionalmente mentirosas, com escabrosos golpes disparados ao acaso, que acabam atingindo os incautos. Erros de gramática, erros de conteúdo, podem provocar consequências desastrosas. A discussão sobre a não mais indispensável presença do jornalista nos sites de notícias aumentam consideravelmente essa inexatidão. Alguns concordam com isso, outros não. Enfim, essa discussão deverá continuar e passar por muitas outras etapas.

E, também visando contribuir para esse impasse, o MidiaOn apresenta o fórum com o tema “Futuro incerto e a revolução permanente na mídia”. São 30 conhecidos profissionais da área, debatendo e apresentando o fruto de suas experiências no Itau Cultural, na Avenida Paulista 149, em São Paulo, de 27 a 29 de outubro, das 9:00h às 19:00h e com entrada livre.

Ao final do fórum serão conhecidos novos pontos de vista e opiniões, gerados e desenvolvidos nesse ambiente com tantos profissionais da Comunicação. Até lá!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Espaço para comentários